top of page
Foto do escritorMaria Clara Galeano

Veste o bem, veste bem

A Revista Whiz é uma publicação feita pela Agência Júnior de Comunicação Mackenzie semestralmente e que trata de assuntos atuais para o público universitário. Debate sobre temas polêmicos, expões histórias inspiradoras, entrevista personalidades relevantes e recomenda estabelecimentos em São Paulo.

Essa matéria foi publicada originalmente em abril de 2017.

Pensamento ecológico traz um desfile de valores para a moda moderna

Os termos sustentabilidade e ecologia já são conhecidos na moda há tempos, mas nunca estiveram tão em alta quanto agora. Com estudos noticiando os perigos da produção e do consumo desenfreados dos dias de hoje, quem aposta na linha contrária tem se dado bem. A forma responsável de consumir moda vai muito além de comprar menos. Ela implica onde comprar e qual peça comprar. Estilistas e marcas que se preocupam com medidas sustentáveis no processo de criação e produção de suas peças contribuem para o que os especialistas apostam em ser o futuro desse ramo, um meio de produção que não agrida tanto o planeta nem corrobore com a exploração de mão de obra ou de obras primas. É desse apanhado de ideais que nasce a moda ecológica e consciente. Dona de uma grife homônima originada em São Paulo, Nicole Bustamante investe em uma moda que, além de primar pelo meio ambiente e em formas de agredi-lo o menos possível, busca em seus meios de produção uma confecção justa com os trabalhadores que suam ao dar forma às modelagens da estilista. A valorização da marca pelo chamado fair trade, comércio justo em tradução livre, vai de encontro com os recorrentes casos que entram na mídia de exploração de mão de obra e trabalhadores em situações análogas à escravidão. Outro conceito dessa novidade no mundo do vestuário é que quando o fair trade é aplicado, normalmente se dá o slow fashion, quando o lançamento de novas coleções é feito em tempo diferente do da moda tradicional, em função do tempo de produção que se torna quase artesanal. O trabalho para ir na contramão do que é feito desde que a moda existe é meticuloso. É preciso verificar e confirmar a origem de tecidos, tintas para tingimentos e outros acessórios necessários para a confecção de cada uma das peças, para que sejam 100% veganos, ou seja, não tenham origem animal. Isso acarreta em um problema de acessibilidade da população. “Matéria prima inovadora e com tecnologia mais ecologicamente correta costumam ser mais caros devido à baixa demanda”, afirma Nicole. Ainda completa que o mesmo acontece com oficinas que operam no sistema de comércio justo. A dificuldade de se propagar o conceito de moda consciente e, consequentemente, a compra dela por parte da população, é justamente o obstáculo que é colocado no preço final. O cliente não vê os processos de produção da marca e só se depara com a peça pronta e um preço mais elevado se comparado a grandes lojas de departamento, que normalmente fabricam em países com mão de obra mais barata para aumentar o lucro. Logo, o consumidor não tem como comparar e saber que o preço é justo e acaba comprando o que acha que terá maior benefício, ou seja, o mais barato, contribuindo para o sistema tradicional da moda. Apesar disso, o termo cruelty free, livre de crueldade, acaba atraindo muitos jovens que concordam com o ideal vegano de vida e, por isso, a aceitação da marca é boa no mercado nessa faixa etária.

O mercado de luxo, infelizmente, ainda não possui a mesma recepção da clientela. O estilista de Caxias do Sul, Carlos Bacchi, está ganhando bastante visibilidade por desenvolver vestidos de noiva com material ecológico e método de produção com menos resíduos. Criar em um espaço com um sistema de iluminação que economize energia também é uma de suas medidas para reduzir a porcentagem de emissão de poluentes. Bacchi ainda procura soluções para materiais sintéticos em produtos naturais como chás, frutas e vegetais. “No Rio Grande do Sul, o público ainda é clássico o suficiente para optar por materiais tradicionais”, revela o estilista. Essa revolução pode assustar quem nunca pensou nas mudanças da moda, mas é opinião comum dos profissionais desse novo segmento do mercado de moda que esse será, em pouco tempo, o único meio de produção possível, tentando minimizar os impactos negativos dessa indústria e ajudar e existir melhor com o meio- ambiente.

Seguindo ainda na linha do consumo consciente, uma prática antiga se tornou febre no mundo e promete estourar no Brasil, os brechós. O conceito de sustentável se encaixa perfeitamente nesse tipo de consumo, uma vez que é puramente a reutilização de peças. Aos poucos, os brechós vão tomando forma com curadorias específicas e entregando peças a públicos diferentes. Outra modalidade que segue esse pensamento consciente são as chamadas “roupatecas”. Como o próprio nome propõe, o “cofashioning” assemelha-se a uma biblioteca. Funciona em forma de assinatura e, mediante o pagamento de uma mensalidade, o cliente tem um acervo à disposição para usar e depois devolver, como se várias pessoas dividissem o mesmo guarda-roupa.

10 visualizações0 comentário

Posts recentes

Ver tudo
bottom of page